A minha criação não se estabeleceu através da religião. Ela foi estabelecida e solidificada através do amor. E é o amor a essência de toda divindade que nos une.
Quando criança, era usual que minha mãe me levasse a missas. E quando adolescente, era comum irmos à igreja em um ou outro domingo. Mas o amor permanecia sempre ali conosco. Em nosso lar. Da sua maneira, a minha mãe, ou mainha, deixava a mensagem de que deveriam fazer parte da nossa família coisas muito mais substanciais e poderosas que as que ouvíamos nos discursos religiosos. E assim como aprendi a ler e escrever antes de estar matriculada numa escola, também aprendi a prática da união e do amor sem precisar de um líder religioso.
Era o amor que ditava as regras da casa quando todos os dias ela fazia uma comida especial e cuidava para que todos que estivessem em casa pudessem desfrutá-la e para que houvesse fartura, pensando numa possível visita surpresa. Era também o amor que conduzia suas palavras de buscar harmonizar a relação com meu pai e meus irmãos. Era o amor que se fazia presente mesmo em meio às imperfeições das pessoas que formavam a minha família e que se fazia maior que qualquer falta de entendimento. Era o amor que reinava quando as mais difíceis situações davam sinais. Era o amor que sempre estava presente nos momentos festivos e de colaboração.
E, antes de qualquer outra coisa, foi amor que aprendi a receber e a dar. Estivesse em casa, na igreja ou em qualquer outro lugar. Foi com amor e através do amor que aprendi a viver e a lidar com o mundo. Sem dogmas, sem preconceitos, sem ordens ditadas por algum credo, sem consultas a livros religiosos.
Foi através do amor, que sempre existiu dentro de mim e que existe dentro de todo mundo, que aprendi a me orientar em meio às situações que iam surgindo na minha vida. Mas foi por meio da exaltação do amor dentro da minha própria casa que eu aprendi a ter fé no bem. Sem intermediários, sem a necessidade de conselhos de pessoas socialmente consideradas mais espirituais, sem nada.
Para enxergar, direcionar e expandir o bem a quem quer que seja e a qualquer lugar, eu aprendi que preciso apenas consultar o meu próprio coração, pois é ele o lugar onde todo amor é capaz de habitar. Então, desde muito nova eu aprendi a ser a minha própria guia. Porque a minha força não foi estabelecida pelas regras religiosas e não se fragiliza mediante ideias contraditórias ou sermões de quem diz ter mais sabedoria. A minha força vem da conexão com algo muito maior e que nada pode abalar: vem da essência divina que habita dentro de mim e que toma forma através do modo amoroso de ver a vida. De forma leal, apenas amo.
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