Eu poderia
ter visto a minha viagem ao Marrocos como uma tragédia. Depois de me deliciar por duas vezes com a comida típica do lugar, meu estômago mais parecia o de uma mulher
os primeiros meses de gestação. Ele não só se embrulhava com o sabor do tempero marroquino, como também com o
cheiro. O resultado foi que passei mal diversas vezes, chegando até
mesmo a vomitar.
Andar de
camelo não foi nada confortável e eu podia jurar que a cada vez que aquele
bicho sacolejava pela areia do deserto seria capaz de romper o hímen de uma
virgem. Por falar em deserto, acordar às cinco da manhã e receber o vento, carregado de areia, na
cara também não foi muito legal.
Ainda teve
coisa pior. A parte mais sofrida foi ter que estar sempre alertas às
possíveis tentativas de abuso por parte dos homens. Em países de cultura
muçulmana, como é o caso do Marrocos, é comum o assédio sexual a mulheres que
não usam burca e que mostram um pouco mais que o rosto.
No entanto,
eu preferi continuar encarnando a "Jade" que surgiu em mim logo após
eu ter posto os pés em terras marroquinas. Por mais incômodas que algumas
situações fossem eu não permiti nem por um segundo que o meu brilho fosse
apagado por elas.
Era
engraçado descobrir outras pessoas com meu nome (Jamile é um nome de origem
árabe) e poder conversar com mulheres habituadas a uma cultura totalmente
diferente da do meu país.
Apesar do
machismo, também era engraçado ver o meu amigo receber ofertas de comerciantes
que simplesmente queriam... me comprar! Isso mesmo! Os caras não respeitam a mulher, mas costumam respeitar e negociar com o
homem. E, então, quando alguma dama lhes chama atenção, ofertas são feitas. Cheguei a "valer" 250
camelos!
Ademais, era
a coisa mais preciosa do mundo vivenciar por uns dias a forma de organização
social e cultural de um país africano. Sem falar que eu pude externalizar o meu
lado "mulher poderosa e sensual da arábia", haha.
A cada
acontecimento nós temos a opção de observar as coisas de maneira negativa ou de
maneira positiva. Tudo é uma questão de escolha. As coisas são da maneira que
escolhemos observá-las.
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