terça-feira, 28 de abril de 2015

Escolhas

Eu poderia ter visto a minha viagem ao Marrocos como uma tragédia. Depois de me deliciar por duas vezes com a comida típica do lugar, meu estômago mais parecia o de uma mulher os primeiros meses de gestação. Ele não só se embrulhava com o sabor do tempero marroquino, como também com o cheiro. O resultado foi que passei mal diversas vezes, chegando até mesmo a vomitar.
Andar de camelo não foi nada confortável e eu podia jurar que a cada vez que aquele bicho sacolejava pela areia do deserto seria capaz de romper o hímen de uma virgem. Por falar em deserto, acordar às cinco da manhã e receber o vento, carregado de areia, na cara também não foi muito legal.
Ainda teve coisa pior. A parte mais sofrida foi ter que estar sempre alertas às possíveis tentativas de abuso por parte dos homens. Em países de cultura muçulmana, como é o caso do Marrocos, é comum o assédio sexual a mulheres que não usam burca e que mostram um pouco mais que o rosto.
No entanto, eu preferi continuar encarnando a "Jade" que surgiu em mim logo após eu ter posto os pés em terras marroquinas. Por mais incômodas que algumas situações fossem eu não permiti nem por um segundo que o meu brilho fosse apagado por elas.
Era engraçado descobrir outras pessoas com meu nome (Jamile é um nome de origem árabe) e poder conversar com mulheres habituadas a uma cultura totalmente diferente da do meu país. 
Apesar do machismo, também era engraçado ver o meu amigo receber ofertas de comerciantes que simplesmente queriam... me comprar! Isso mesmo! Os caras não respeitam a mulher, mas costumam respeitar e negociar com o homem. E, então, quando alguma dama lhes chama atenção, ofertas são feitas. Cheguei a "valer" 250 camelos!
Ademais, era a coisa mais preciosa do mundo vivenciar por uns dias a forma de organização social e cultural de um país africano. Sem falar que eu pude externalizar o meu lado "mulher poderosa e sensual da arábia", haha.
A cada acontecimento nós temos a opção de observar as coisas de maneira negativa ou de maneira positiva. Tudo é uma questão de escolha. As coisas são da maneira que escolhemos observá-las.

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